terça-feira, 10 de abril de 2012

Privataria da TV Cultura. O desmanche de um patrimônio público bem ao estilo do PSDB.



Dossiê: O desmonte da Fundação Padre Anchieta e da TV Cultura
BLOG DO ROVAI - Via Ronaldo livreiro



Na terça-feira passada (3/4) aproximadamente 150 pessoas estiveram Sindicato dos Engenheiros para participar de um ato contra a privataria na TV Cultura, que tem como símbolo maior a doação de um espaço público para um grupo de mídia privado, no caso o jornal Folha de S. Paulo.

Entre outros, estiveram no evento o economista Luis Gonzaga Belluzzo, do Conselho Curador da TV, o jornalista Luis Nassif, que trabalhou por um bom tempo na Cultura, e o ex-professor da USP, Lalo Leal Filho, também ex-funcionário da emissora.

Os deputados estaduais Simão Pedro (PT), Carlos Gianazzi (PSoL) e Leci Brandão (PCdoB) também compareceram. Na ocasião, Beluzzo solicitou que os deputados convocassem uma audiência pública para discutir o desmonte nas rádio e TV Cultura e este blogueiro somou a essa sugestão a de que os deputados já entrassem com um pedido de CPI, porque há muitas suspeitas de que a Fundação esteja sendo utilizada para fins privados. Ali no calor da hora, os três deputados presentes afirmaram que assinariam o pedido de CPI. Que assim seja. Porque há indícios de que há muito a ser investigado em relação que está sendo realizado na Fundação Padre Anchieta pelas últimas gestões tucanas.

João Brant, do Intervozes, me enviou um dossiê que construiu colaborativamente com ex-funcionários, ex-colaboradores e pessoas que estão atentas ao que está ocorrendo por lá. Alguns trechos são bastante reveladores do desmonte da Fundação.

Trechos do Dossiê:

Mais de mil demitidos
Desde o início da gestão João Sayad, a TV Cultura encolheu drasticamente. Foram mais de mil demitidos, entre celetistas e PJs. Um processo de seleção “pública” foi desenvolvido para a regularização de poucos funcionários. A maioria foi desligada com o fim de programas e dos contratos de prestação de serviços.

Sayad e a privatização
A gestão do presidente João Sayad, do vice-presidente de conteúdo Fernando Vieira de Melo e do vice-presidente administrativo Ronaldo Bianchi caminhou às escuras para dilapidar o patrimônio público. Sayad optou por transformar a TV Cultura em uma mera exibidora. Cancelou e/ou deixou de renovar contratos de prestação de serviço (TV Justiça, Assembléia de São Paulo, etc), acabou com diversos programas da grade e implantou um projeto de demissões em massa.

Em conversas com seu staff, João Sayad já comentou que a TV Cultura deveria caber apenas de um andar de um prédio comercial diante do planejamento que implantou. O que se vê é um processo de “privatização” das funções da FPA na comunicação pública. E não se pode descartar também a “estatização” e a “partidarização” destas mesmas funções públicas.

Erros de gestão na TV
Roda Viva – Na reformulação do programa de debates e entrevistas, Marília Gabriela assumiu o posto de condutora da atração. A transformação, no entanto, foi mais profunda, resultando na completa desfiguração do programa. Um ano após a mudança, a direção da emissora recuou e restabeleceu o formato original.

Jornal da Cultura – Com o excesso de demissões e o sucateamento da estrutura técnica, o jornalístico perdeu a força das reportagens, que praticamente deixaram de ser exibidas. No ar, a âncora Maria Cristina Poli, divide a bancada com um time de comentaristas que se reveza para colher os louros do traço no Ibope.

Metrópolis – Além de ter sido jogado para o final de noite, o programa também sofreu uma completa desestruturação. E esta é a segunda reformulação do programa dentro da gestão Sayad. Cadão Volpato foi contratado e demitido na mesma gestão. Hoje, o programa exibe pouquíssimas reportagens, há anos não possui capacidade técnica para links ao vivo e acabou se limitando a um talk-show de temas culturais.

Música Clássica – Perdeu espaço na grade de programação. A gravação de concertos de orquestras brasileira passou a ser feito com menor regularidade. Em vez de exibir material novo, atualmente aposta em muitas reprises e na veiculação de produções estrangeiras.

TV Justiça e TV Assembleia – Terminar com os contratos de prestação de serviços não só cortou receitas para a FPA como acelerou o processo de transformação da emissora em mera exibidora. Demissões foram feitas as centenas com o fim deste contrato. Os valores e o conteúdo dos acordos nunca foram apresentados publicamente.

Teatro Franco Zampari – A gestão Sayad pretende doar o Teatro Franco Zampari, onde são gravados vários programas da TV Cultura. O objetivo é desfazer do patrimônio sob o argumento de que a estrutura é onerosa. As negociações estão em estado avançado com a Associação Paulista de Amigos da Arte (APAA).

Carnaval 2012 – A transmissão de 9 horas do Carnaval 2012 de São Paulo é um case importante desta fase da FPA. A negociação dos direitos de transmissão com o SBT e Globo foram suspeitas. A TV Cultura disponibilizou equipamentos e equipes para a transmissão do Grupo de Acesso e do Desfile das Campeãs, mas só transmitiu o primeiro. O Desfile das Campeãs ficou de presente para o SBT, incluindo a operação e o uso de equipamentos da FPA. Os valores da negociação não foram divulgados.

Portal Cmais – Lançado com alarde pela atual gestão, o portal tem uma produção ínfima e extremamente dependente das equipes já sobrecarregadas dos programas. A carente infra-estrutura de TI o deixa fora do ar frequentemente. E a equipe reduzida de funcionários propicia erros crassos, como a transmissão por horas do streamming de vídeo do SBT no lugar da programação ao vivo da própria TV Cultura (dia 29 de fevereiro).

Acordo com a Folha de S. Paulo
O acordo com a Folha de S.Paulo expôs a “privatização” da TV e a simpatia política do governo com este veículo. Se, de acordo com Artigo 22º, Inciso 6º, do Estatuto da Fundação Padre Anchieta, o Conselho Curador “deve aprovar a celebração de convênios ou acordos com órgãos ou instituições públicas ou privadas, concernentes à programação”, a dúvida que fica é: esse acordo, redigido e formalizado, foi aprovado pelo Conselho? Por que não foi divulgado? Quais os valores envolvidos na negociação? Os conselheiros precisam publicizar essas informações.

Rádio Cultura Brasil
É a rádio de música brasileira da FPA, transmitida em AM. É de conhecimento de todos a importância cultural e educativa do trabalho realizado na emissora. Da seriedade da produção com a pesquisa à informação jornalística transmitida aos ouvintes. A equipe de produção foi achatada na atual gestão com fechamento de vagas e com demissões. Em abril de 2012, a equipe foi reduzida a cinco apresentadores, um diretor de programas, um assistente, três jornalistas e cinco estagiários. A equipe técnica também sofreu cortes e acumula as operações da rádio AM e da Rádio Cultura FM (música erudita).

Todos os funcionários trabalham mais horas do que as contratadas. Alguns programas gravados da Rádio Cultura Brasil (AM) são produzidos por funcionários da Cultura FM e vice-versa. Não existem mais programas gravados na Rádio Cultura Brasil, com exceção aos retransmitidos – o do produtor e pesquisador Solano Ribeiro (A Nova Música do Brasil) e o Reggae de Bamba (Jai Mahal). A programação musical é reprisada à exaustão e os programas ao vivo não têm mais entrevistas no estúdio com a presença do convidado. São usadas apenas entrevistas por telefone (com exceção ao programa Cultura Livre, que tem interesse da TV, mas cuja produção em vídeo também está paralisada).

A Rádio Cultura Brasil tem problemas técnicos de irradiação do sinal há pelo menos 20 anos. A única tentativa de solucionar esta questão foi na gestão de Marcos Mendonça. Contudo, a escolha de uma aparelhagem inadequada tirou o sinal das regiões nas quais a emissora era tradicionalmente ouvida e ampliou-se em duas regiões onde a rádio não chegava. Sem qualquer divulgação ou campanha, houve perda de audiência.

Nem a iniciativa do lançamento do Portal Cultura Brasil (muito pertinente em tempos de convergência digital) vingou. A proposta inicial de reunir todo o conteúdo musical da Rádio Cultura Brasil, da Cultura FM e dos programas musicais da TV Cultura não mais funciona regularmente. Hoje, o abastecimento de conteúdo do site é quase nulo.

A crise do falso Moralismo da velha UDN


A UDN, os seus filhos e a sua falsa moral.

Magalhães Pinto e Demóstenes. Filhos da mesma chocadeira.


Mais uma vez os fatos incontestes desmontam e desmascaram o discurso “moralista” da velha UDN trasvestida hoje de DEM.

O caso do Senador paladino da ética e da moralidade, Demóstenes Torres, que na verdade era um prestador de serviços para o bicheiro e nada republicano Carlinhos Cachoeira, desvenda os sustentáculos da política com o crime.

Indubitavelmente, o Senador assim como o seu partido, o DEM, que não tem nada de reserva moral, se olvidaram do venho ditado que diz “Quem tem moral não arrosta. Quem tem ética não faz disso marketing. Quem tem, tem. É apenas uma obrigação de caráter.”

Demóstenes Torres neste episódio que mais uma vez macula a imagem do Parlamento Brasileiro, é mais um adepto daqueles que se utilizam da política para se locupletarem financeiramente das benesses que o poder pode proporcionar.

Aliás, a crise que desmascara a velha UDN se alastrou como praga para inúmeros partidos brasileiros, posturas éticas, comportamentos republicados, biografias ilibadas, entre outros princípios que deveriam nortear o comportamento político são hoje peças incomuns.

Vale lembrar que o DNA desta agremiação partidária tem sua origem na mais perversa historia politica de nosso país.

São eles, a velha UDN, que camaleonicamente se transfigurou no PDS do velho Paulo Maluf, “amigo íntimo” das práticas mais elementares da malversação do dinheiro público, hoje integrante da lista de procurados da Interpol que usa das prerrogativas da imunidade parlamentar para não ser preso.

Assim como na transformação do PDS - partido dos generais golpistas - para o PFL de tão vasta lista de usurpadores da república que tinha como seus baluartes figuras como o velho Antonio Carlos Magalhães, o coronel da Bahia, Jorge Bornhausen, saudosista dos porões da ditadura, Roseane Sarney imperadora do Maranhão e Manu tentadora da miséria daquele povo, entre outras figuras de tão sorumbática lembrança nos traz.

Hoje sob a falsa roupagem de democratas, a velha UDN que virou PDS, transformou-se em PFL e se apresenta hoje como DEM tem um discurso controverso de seus quadros e de suas biografias.

Afinal, o senador Demóstenes Torres é fruto de seu meio aliado de Marconi Perillo governador de Goiás pelo sempre prestativo PSDB, matriz e locador costumas do DEM e tem e sua ficha corrida as mais variáveis denuncias de corrupção.

Como também tem em seu partido figuras como Agripino Maia, ACM-Neto, Ronaldo Caiado , Cesar Maia entre outros.

Afinal, todas as raposas chefiando galinheiros.

Como não há condições moral de se acreditar no DEM que pediu a saída do Senador que atendeu de pronto para não ser mais envolvido no caso como já foi, cabe à justiça processar e condenar o paladino da hipocrisia.

Entretanto, acho muito difícil que este senhor pare na cadeia, lugar que deveria ser habitat normal daqueles que praticam crimes, mas, como se trata de um Senador da República, dificilmente nossa sociedade terá essa oportunidade de ver a impunidade contrariada.

Contudo, temos pelo menos o gosto de vermos, mais uma vez, a máscara da velha UDN ser despida.

Henrique Matthiesen